Viver deste lado do mundo, nesta altura do ano, é muito especial. Junho, foi mês de Ramadan Kareem (Ramadão Generoso). - A época do ano mais importante para os muçulmanos, e da qual eu sabia relativamente pouco.
Muito sucintamente, os muçulmanos fazem jejum do nascer ao pôr do sol, rezam com mais intensidade, abstêm-se de todos os prazeres carnais e são mais generosos para com o seu próximo. Há uma relação muito pessoal e intima com o divino. A sua entrega e motivação pessoal é impressionante.
O jejum é quebrado, em comunidade, com o Iftar. Manda a tradição que seja com 3 tâmaras e um copo de água. É um momento de grande alegria e satisfação, seguindo-se depois, os enormes banquetes de iguarias várias, noite adentro, culminando com o Suhoor, a última refeição, antes do nascer do sol.
Para os não-muçulmanos, aquilo que por aqui se vive nesta época do ano, é essencialmente... estranho. E pode ser até, frustrante, algumas vezes.
Porém, estando nós, a viver neste mundo tão diferente do nosso, porque não deixar de lado as frustrações de um ocidental, e abraçar a riqueza da cultura local para perceber melhor, como é ser muçulmano, por um dia?
O desafio que o
Hyatt Plaza lançou à população não-muçulmana, no jornal de quarta-feira, atingiu-me como uma flecha.
Sim. Porque não?
O evento Fast-a-thon, vai, já na 7ª edição. E por cada inscrição, o Hyatt Plaza, doa 200QR, a um programa educativo para crianças órfãs da Somália.
A minha curiosidade já era significativa, mas quando descobri que ao fazê-lo poderia estar a contribuir para a melhoria de vida de alguém, não necessitei de mais nenhum factor motivacional. Tratei logo de me inscrever a mim, ao marido e à tia, (que está de visita).
Fiz a minha última refeição, sexta-feira à noite, e só voltei a comer e a beber no Iftar que o Hyatt Plaza preparou, sábado à noite. Foram no total, 21h sem me alimentar e hidratar, (o normal são 16h/17h, mas não nos apeteceu levantar antes do nascer do sol, para o nosso Suhoor).
Os efeitos físicos? Senti-me mais cansada e irritada do que o normal, deitei-me com uma enorme dor de cabeça (mas não sei muito bem, se devido ao jejum ou se ao resultado do jogo Portugal vs Áustria...).
Senti muita falta do meu café da manhã, e só aguentei a sede, porque não saí de casa, para evitar expor-me ao sol/calor.
Mas em contrapartida, senti um enorme orgulho quando o relógio bateu as 18:30h, naquela tarde. A minha missão estava cumprida. Forcei os meus limites, por uma boa causa. E no final, não tinha sido assim tão difícil, quanto pode parecer. Controlo. É tudo uma questão de controlo.
Depois quebrar o jejum em comunidade, tem outro significado. Toda a gente tinha um sorriso nos lábios enquanto mastigava as três tâmaras. Conseguimos! Conseguimos! - Pensávamos todos em uníssono.
Fazer jejum é difícil, requer muito boa vontade. Mas sem dúvida purifica-nos a um certo nível. Pessoas sortudas como nós, sabem que no final do jejum terão abundância de comida e água. É apenas uma questão de horas. Há zonas no mundo, onde essa, não é uma opção. Existe uma enorme gratidão implícita em todo este processo.
Foi muito bom ter participado neste evento, foi muito bom comungar com os meus Irmãos muçulmanos, e vivênciar aquilo que eles sentem, não existe outra forma de saber, se não se experimentar.
Para o ano, lá estará o meu nome novamente na lista, e talvez cumpra todo o mês do Ramadão.
Sim. Porque não?
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Living on this side of the world, at this time of year, is very special. June was Ramadan Kareem (Generous Ramadan), this year - The most important time of the year for Muslims, and about which I knew very little.
Very briefly, Muslims fast from sunrise to sunset, pray more intensely, abstain from all carnal pleasures and are more generous to others around them. There is a very intimate and personal relationship between them and the divine. Their personal motivation is impressive to witness.
The fast is broken, in community, with the Iftar. Tradition dictates that it might start with 3 dates and a glass of water. It's a moment of great joy and satisfaction, followed by a huge banquet, with various delicacies, through the night, culminating with the Suhoor, the last meal, before sunrise.
For non-Muslims, what happens here, at this time of the year, is a bit... awkward. And it can even be, frustrating, sometimes.
So when we live in a world so different from ours, why not put aside our Western frustrations, and embrace the richness of the local culture, to get a better inside on how's to be a Muslim, for a day?
The challenge that Hyatt Plaza, launched to the non-Muslim community, on last Wednesday's newspaper, hit me like an arrow.
Yes. Why not?
The charity event, is on its 7th edition. And for each registration, Hyatt Plaza, donated 200QR to encourage orphan children education in Somalia.
My curiosity was significant, but when I discovered that, just by fasting, I could be contributing to the improvement of someone else's life, I did't need any other motivational factor to put my name down, as well as my husband's and aunt, (who is visiting).
I had my last meal, on Friday night, and start eating and drinking again, on Saturday's Iftar, organized by Hyatt Plaza. In total I was fasting for 21h (normal is 16h/17h, but we were too lazy to get up for a snack, before sunrise).
The physical effects? I felt more tired and irritable than usual, I went to bed with a massive headache (but I'm not sure if due to fasting or to the match result between Portugal and Austria...).
I really missed my morning coffee, and only bear thirst, because I haven't left home all day, to avoid sun/heat exposing.
On the other hand, I felt a great pride when the clock struck 18:30h, that afternoon. My mission was accomplished. I pushed my limits for a good cause. And at the end, it was not so difficult as it might seem. Control. It's all about control.
Then, breaking the fast, in community, has a completely different meaning. We all had a smile on our faces, as we savored our three dates. We did it! We did it! - We all thought in unison.
Fasting is fairly difficult. It requires a deep will power. But it surely purifies us in a certain level. Lucky people, like us, know that at the end of the fasting day, there will be plenty of food and water. It's just a matter of hours.
However, there are areas in the world, where this is not an option. There is a huge gratitude implicit in the whole process.
I'm very pleased with my participation in this event. It was very good to connect with my Muslim brothers and sisters, and experience what they feel, also because there isn't really other way to know, if we don't try it.
Now, next year I'm planing to put my name down the list, once again, very proudly. And perhaps fast the whole month of Ramadan.
Yes. Why not?
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