quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Histórias da minha infância - A Carroça Vazia :: Stories from my childwood - The Empty Wagon

Infelizmente não cresci rodeada de livros.
Na realidade rural em que cresci a nossa maior fonte de conhecimento era a observação do mundo que nos rodeava.
Os livros chegaram mais tarde, com a entrada na escola primária e a Biblioteca Ambulante, que nos visitava, se bem me lembro todas as semanas à quinta-feira (??), o fascínio pelos livros tomou conta de muitos de nós, de outros nem tanto... 

Mas apesar de não haver grandes livros em minha casa, não quer dizer que as histórias não fizessem parte do meu dia-a-dia - a minha mãe e a minha avó eram exímias contadoras de histórias e anedotas, que pelo seu conteúdo moral eram indubitavelmente um feliz método de tentar moldar o nosso carácter. 

Achei que podia ser engraçado contar aqui algumas dessas histórias - as Histórias da Minha Infância (HMI) - que ficaram gravadas na minha memória e das quais me lembro inúmeras vezes.
Para inaugurar o set, começo pela minha preferida: a velha história da Carroça Vazia:

...

Todos os dias o Sr. António saía para o campo com o filho mais velho, o Pedro.
Pelo caminho o Sr. António ensinava o filho a distinguir os diferentes chilreares dos pássaros - este é um melro, este é um pintassilgo... 
Com este jogo conseguia que o rapaz se mantivesse acordado durante todo o caminho, já o Pedro ficava todo orgulhoso por mostrar ao pai como já era bom a reconhecer os diferentes chilreares.

Uma manhã, o Sr. António pergunta ao filho:
- Pedro, além dos pássaros, ouves mais alguma coisa?
- Sim!! Oiço uma carroça! - responde o Pedro todo contente.
- Muito bem! Uma carroça vazia.

O Pedro ficou a pensar um instante e pergunta:

- Pai, como é que sabe que a carroça está vazia se ainda não a vimos passar? 
-  É fácil Pedro, reconheces uma carroça* vazia pelo barulho que ela faz.
- Como assim pai? - perguntou surpreendido e curioso.
- Quanto mais barulho ela faz, mais vazia ela vai.
...

                                                              * Para melhor perceber a história substitua "carroça" por "pessoa".

Fico imensamente feliz por o Salvador poder crescer rodeado de livros, mas definitivamente tenciono contar-lhe também muitas das histórias com que cresci, e antes de mim, os meus pais, e antes deles os meus avós... Parece que somos todos parte deste ciclo de conhecimento que não é desejável quebrar...

Saber reconhecer uma carroça vazia, pode ser tão útil na vida quanto saber as cores, as letras e/ou os números, concordam?...


**************************************

Unfortunately I didn't grow up surrounded by books.
In the rural reality where I was brought up, our main source of knowledge was the observation of our surrounding world.
The books arrived later, with the entry into primary school and the Ambulant Library, which was visiting us, if I still remember correctly every Thursday (??), the fascination for books gripped many of us, others not so much...

Although there weren't many books in my house, it doesn't mean that stories didn't make part of my life- my mom and my grand mom were masterly storytellers, due to its moral content, those stories were undoubtedly a magnificent method to try mold our characters.

I thought it could be interesting to tell some of those stories here - The Stories From My Childhood (SMC) - which remained in my memory till today and which I remember about countless times. 

To inaugurate the set, I'll begin with my favorite, the Empty Wagon old story:

...

Every morning Mr. Anthony and his eldest son, Peter went to the fields to work,
on their way Mr. Anthony try to keep his son awake by teaching him how to distinguish the different bird twitterings - this is a blackbird, that one is a goldfinch ... 
Peter was very proud to show every morning to his father how good he already was.

One morning, Mr. Antonio asks his son: 
- Peter, besides the birds, do you hear anything else? 
- Yes !! I hear a wagon! - Peter answers, all happy. 
- Good boy! It's an empty wagon indeed. 

Peter reflected for a moment and asks: 

- Father, how do you know that's an empty wagon if we haven't seen it yet? 
- It's easy Peter, you recognize an empty wagon* by its noise. 
- How is that father? - Peter asks, surprised and curious. 

- The more noise it makes, the more empty it goes.

...

* For a better understanding of the story replace "wagon" with "person".

I am immensely glad that Salvador is able to grow up surrounded by books, but definitely I do intend to tell him many of these stories too, which before me, where told to my parents, and before them to my grandparents and possibly before them to my great grandparents... It looks like we are all part of this cycle  of knowledge which is not desirable to be broken...

I am sure you'll agree with me that knowing how to recognize an empty wagon, can be equally useful in life as being able to recognize the colors, the alphabet and/or the numbers...





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2 comentários:

  1. Já eu me lembro de ir com o meu pai ao sábado de manhã comprar um livro, e assim fiz a colecção dos livros da Anita ;)
    Ainda tenho alguns, apesar da minha filha não lhes ligar grande coisa :) talvez qd souber ler!
    Bjs

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    Respostas
    1. Oh!! Que recordação tão amorosa Celine!!
      Também tenho alguns livros da Anita que a minha mãe me comprou quando aprendi a ler -mas aquilo que eu mais gostava era de ficar horas a fio a namorar aquelas ilustrações, não eram um sonho?
      Tenho mesmo a certeza de que a tua filha vai adorar tal como tu, só ainda não lhe descobriu o encanto ;)
      xxx
      Sofia

      Eliminar

Thank you so much for your visit, and for taking the time to leave me a comment.
It is always a pleasure to hear from my readers, and it really makes my day!
Sofia
xxx


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